Por Adriane Casteleira

LightSail é um projeto de demonstração de tecnologia do controle de vela solar. É desenvolvido e operado pela Planetary Society, uma organização não-governamental fundada na década de 1980 por Carl Sagan, Louis Friedman e Bruce Murray, atualmente dirigida por Bill Nye. Tem como objetivo de desenvolver técnicas de exploração espacial junto da comunidade. Tem mais de 50 mil membros em mais de 100 países, e parcerias com Nasa, Intel, Celestron e mais de 15 instituições.

Da esquerda para a direita, Bruce Murray, Carl Sagan e Louis Friedman, fundadores da Planetary Society

O Lightsail 2 foi lançado no dia 25 de junho de 2019 em um foguete Falcon Heavy, da empresa SpaceX, e está em órbita baixa da Terra, a aproximadamente 690 Km acima do nível do mar e conta com um cubesat de 5 kg equipado com quatro velas triangulares de Mylar – um filme reflexivo de poliéster, comumente usado como manta térmica – que, ao se abrirem no espaço, formam uma superfície retangular, alcançando o tamanho de um ringue de boxe. 

Como uma vela solar, a propulsão do LightSail depende da radiação solar e não das partículas carregadas do vento solar. Os fótons solares exercem pressão de radiação na vela, o que produz uma aceleração, impulsionando a espaçonave como um barco à velas movido pela força do vento.
Usando uma roda de reação interna, o LightSail 2 é capaz de se orientar contra o Sol usando o campo magnético da Terra como guia. Ao “virar” para dentro e para fora do Sol, ele pode controlar a força em sua vela e, assim, mudar sua órbita.

DOIS ANOS VELEJANDO

Dois anos após o lançamento na órbita da Terra, o LightSail 2 completa seu primeiro ano de operação prolongada. Apesar de algumas anomalias e degradação da espaçonave, as modificações recentes do software permitiram que a espaçonave navegasse tão bem ou melhor do que no início da missão.

Bill Nye, conhecido no Brasil pela série de TV dos ano 90 ‘Eureka’ (The Science Guy), atual CEO da Planetary Society, segurando o cubesat do LightSail 2

Além de seu projeto de missão principal e no ambiente hostil do espaço, o LightSail 2 ainda funciona e em uma posição em que permite a continuidade de experiências com navegação solar, em uma altitude acima dos demais objetos em órbita baixa. Eventualmente, o arrasto atmosférico conduzirá a espaçonave para ela reentrar e queimar na atmosfera. Ainda não há previsão de quando isso ocorrerá, mas, segundo a Planetary Society, não será em breve. “Planejamos operar o LightSail 2 o maior tempo possível para aprender mais sobre a navegação solar, as operações de naves espaciais com velas solares e a evolução da vela e das barreiras ao longo do tempo. Também queremos continuar a aumentar a conscientização sobre a vela solar, compartilhando a emoção da missão com o público, trabalhando diretamente com as próximas missões de vela solar da NASA e documentando nossos resultados para garantir o legado mais forte possível para o programa LightSail, que foi inteiramente financiado por Membros e doadores da Sociedade Planetária.”

O LightSail 2, assim como o helicóptero marciano Ingenuity (Nasa), é um teste de tecnologia. Nesta missão estendida, a equipe científica da Planetary Society possui alguns objetivos para estudar mais sobre a navegação por velas solares.

Uma das metas é aprimorar a performance da navegação solar. A cada dia, o LightSail 2 se aproxima cada vez mais de seu mergulho na atmosfera da Terra, além da própria degradação da vela, o que significa que melhorar o desempenho da nave espacial ficará ainda mais difícil. Monitoramento são realizados constantemente para coleta de dados, além de testes de controle de velocidade e atitude. 

Outro objetivo é operar em diferentes modos de navegação para observar os resultados. No modo de navegação solar, a nave é girada de lado para o Sol quando direcionada em direção dele, para desligar o impulso, e a face da vela voltada para o Sol para afastar-se dele, para obter impulso dos fótons solares. Fora do modo de navegação solar, esse decaimento de altitude chega a ser de 50m por dia ou mais, enquanto com a navegação solar o decaimento menor que 20m chegando a ganhar altitude; No modo chamado Detumble, são criados campos magnéticos que trabalham contra o campo magnético da Terra para reduzir a taxa de rotação; além de outros três modos: sem torque, apontado para o Sol e maximização de arrasto. Também entre os objetivos da missão estendida está a continuidade dos registros de imagens e a detecção automatizada de falhas.

Imagem feita pelo LighSail 2 da região norte do Brasil




Fontes:
www.planetary.org/articles/lightsail-2-completes-second-year-in-space
www.planetary.org/about
www.planetary.org/sci-tech/lightsail
en.wikipedia.org/wiki/LightSail